Sobre a privacidade de dados: Quando você trabalha com tecnologia é importante analisar as possibilidades futuras. Além de escolher um caminho e começar a trabalhar na construção desse caminho o mais cedo possível. Não por acaso eu adorei a fala de Amy Webb, que lançou o Tech Trends Report 2023 durante o SXSW. Durante sua palestra, a futurista explicou que, segundo suas análises, um evento de “fusão” com a AI deve acontecer no futuro. O que ela chamou de AISMOSIS.
Segundo Amy, esse evento pode ser positivo ou desastroso, com chances de 20% e 80%, respectivamente. Disse, com todas as letras, que uma das condições para que esse futuro seja bom para a humanidade é a capacidade de controlar nossos dados. Ou seja: a privacidade.
Quando comecei, decidi que uma das prioridades no meu trabalho seria construir ferramentas para aumentar as capacidades e os direitos das pessoas. E nunca diminuir ou anular essas capacidades e direitos. Sendo assim, quando uma plataforma coleta seus dados e não te dá a possibilidade de fazer escolhas sobre esses dados, assim como você decide o que fazer com seu corpo, essa plataforma está te roubando possibilidades e direitos. É bem simples assim.
A privacidade das identidades digitais
Para mim, a fronteira mais importante da privacidade será o uso mais intenso de identidades digitais. Identidade é um termo com várias definições, mas geralmente assumimos que significa a combinação de um ou mais grupos de dados sobre as pessoas. Ou seja, para estabelecer a identidade de uma pessoa, coletamos características e fatos em forma de dados. Ao combinar esses fragmentos de informação acabamos por formar um retrato das pessoas. Capaz não só de representá-las, mas de verificar e autenticar essas pessoas quando estão utilizando serviços ou realizando transações.
Esses dados representados em identidades digitais não são só retratos temporais de nossos rostos – muito pelo contrário. A combinação de dados coletados sobre as pessoas pode representar histórias de suas vidas. E é por causa disso que precisamos devolver o controle dos dados às pessoas. Aplicar essa regra básica da privacidade é devolver às pessoas o controle sobre as narrativas de suas vidas.
Dados e a Web3
Muitas tecnologias que hoje estão no pacote da chamada Web3 tem a ver com o futuro que queremos, onde a privacidade das pessoas é respeitada e elas têm o controle sobre as histórias que são contadas e compartilhadas pela coleta e processamento de seus dados. Um exemplo dessas tecnologias, que citamos na nossa palestra durante o SXSW são as provas de conhecimento zero, uma maneira de confirmar que algo é verdade sem revelar os dados ao ecossistema. Além das ZKPs (zero Knowledge Proofs) existem outras tecnologias disponíveis para ensinar a tecnologia a guardar nossos segredos, gerando ainda mais oportunidades de uso para as identidades digitais e recuperando a confiança das pessoas na tecnologia. Esse é um mundo totalmente possível, além de ser o futuro que eu escolhi construir. O importante é começar agora, para que essa ideia se torne o presente o mais rápido possível.
Por Yasodara Cordova @ Fast Company
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