Objetos do Amanhã: O primeiro desafio ao decidir estudar futuros é aceitar que não existe consenso sobre a forma ideal de se capturar sinais do novo. Existem profissionais que pautam suas análises em indicadores, estatísticas e projeções matemáticas. Outros adotam lentes culturais e procuram padrões comportamentais emergentes. Não existe certo, não existe errado, são estratégias diferentes, com propósitos diferentes.
Dentro da Aerolito, é investido bastante energia no mapeamento do que chamam de objetos do amanhã: projetos, iniciativas e ferramentas que, por existirem no presente, apontam de forma concreta para possíveis futuros. Dessa forma, sempre descobrindo novos objetos, sempre descobrindo novos amanhãs. E não foi diferente em 2022. Para celebrar os aprendizados e abrir caminho para o que ainda está por vir, veja uma lista com 6 dos objetos que mais provocam a pensar novos futuros ao longo do nosso último ciclo.
Synthesia
Synthesia é uma deepfake altamente sofisticada. E o funcionamento é muito simples. Você escreve o roteiro, escolhe o avatar que mais combina com o que vai ser dito, define qual é a entonação (mais energético, mais calmo). E pronto: você tem um digital host dando o seu texto. Além de escolher entre vários avatares de raças, gêneros e estilos diferentes.
Você também pode se utilizar de um grande banco de dados com diversos idiomas. E pode até criar o seu próprio avatar. Um sinal fortíssimo de que o design generativo veio para ficar. Bem como de que atores e atrizes, locutores e locutoras, âncoras de jornal e digital influencers terão concorrência pesada daqui para frente.
AlphaFold
Utilizando inteligência artificial, a DeepMind revelou as prováveis estruturas de quase todas as proteínas conhecidas, um número que ultrapassa o marco de 200 milhões. O estudo foi feito através do software AlphaFold, que resolveu o desafio de derivar as formas 3D das proteínas. Depois de previstas pelo programa, as estruturas mapeadas foram inseridas em um banco de dados criado em parceria com o Instituto Europeu de Bioinformática do Laboratório Europeu de Biologia Molecular (EMBL-EBI). A conquista pode revolucionar o desenvolvimento de medicamentos e de estudos evolutivos. Além de ser um exemplo excelente de ciência e tecnologia caminhando lado a lado por um bem comum. É muito bom testemunhar a inteligência artificial sendo aplicada para escalar descobertas capazes de impactarem diretamente a qualidade de vida humana.
Democratic AI
Já que a Nay indicou o AlphaFold, tem dobradinha da DeepMind na lista. Neste experimento chamado Democratic AI, um grupo interagiu em um jogo no qual, a cada rodada, os participantes recebiam doações variadas. E deviam decidir o quanto investiriam em um fundo coletivo. Na sequência, o valor arrecadado foi redistribuído de acordo com três modelos baseados em sistemas econômicos tradicionais e um novo modelo criado por inteligência artificial. Ao fim do jogo, os participantes votaram em qual mecanismo de redistribuição preferiram e, sem saber, elegeram o método proposto pelo algoritmo.
Como explicado pelo time da DeepMind na revista Nature, o resultado não é um argumento simplório a favor da automação das decisões políticas. Pelo contrário, o brilhantismo do projeto está justamente no uso da tecnologia em função do desenvolvimento de uma solução alinhada com interesses humanos. No caso, representados através de uma ferramenta antiquíssima, mas ainda muito importante: a eleição majoritária.
AppJusto
O AppJusto poderia ser um aplicativo de entrega como qualquer outro se não tivesse bebido das fontes do blockchain, do open source e das cooperativas de plataforma — o que se reflete diretamente na organização da rede em forma de frotas de entregadores. Além de não cobrar mensalidade, o serviço recebe somente 5% de comissão do restaurante e não retém nada do valor do frete pago pelo usuário, gerando mais renda para os entregadores e mais economia para o consumidor final. O AppJusto é único justamente por ser um objeto tecnológico que entende não estar resolvendo um problema tecnológico, mas um problema social — desdobramento de um olhar complexo sobre a tecnologia e o impacto das ferramentas que produzimos.
Living Carbon
A Living Carbon testemunha sobre um futuro no qual a bioengenharia é uma aliada na luta contra as mudanças climáticas. Em síntese, a iniciativa aplica edição genética em plantas para torná-las capazes de capturarem mais carbono e criarem raízes maiores para depositá-lo em camadas mais profundas do solo, dificultando seu retorno para a atmosfera. Estas espécies geneticamente modificadas são oferecidas para proprietários de terras que, por sua vez, se remuneram através dos créditos de carbono gerados pelo plantio. Dessa forma, há uma inversão provocadora no modelo: ao invés do ganho financeiro vir da exploração de recursos, neste caso ele é resultado de uma operação regenerativa. Para mim, é muito interessante a perspectiva de podermos plantar árvores que nos ajudam a resolver um problema que nós mesmos criamos.
International Thermonuclear Experimental Reactor
Inicialmente o International Thermonuclear Experimental Reactor (ITER) — ou reator experimental termonuclear internacional, em português — reune investimentos de diferentes países. Este tipo de usina tem potencial para gerar grandes quantidades de energia de forma limpa e em pouco tempo. O nome é quase autoexplicativo: a fusão nuclear é o processo pelo qual os núcleos de dois ou mais átomos se unem, formando um único novo núcleo. Parece simples, mas a operação exige ciência e tecnologia de ponta. Sendo assim, em 2022, observamos avanços importantes em relação ao tempo de controle da reação e ao balanço entre consumo e produção de energia, por exemplo. Com certeza, o ITER trará muitas novidades nos próximos anos.
Com a chegada da nova plataforma o acervo de cases de inovação curados pela Aerolito ganhará atualizações todos os meses e você poderá se manter sempre em dia com os futuros do seu mercado através do programa de Assinatura de Objetos do Amanhã.
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*Por Aerolito
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